FTT - Futebol de Todos os Tempos

ENTREVISTAS COM EX JOGADORES, TECNICOS, DIRETORES E PESSOAS LIGADAS AO FUTEBOL QUE CONTRIBUIRAM DE ALGUMA FORMA PARA QUE PUDESSEMOS CONHECERMOS UM POUCO MAIS DA HISTORIA DO FUTEBOL BRASILEIRO E MUNDIAL.

quarta-feira, 20 de junho de 2012

O Craque disse e eu anotei - ENEAS por Rodrigo


No dia 12 de Fevereiro de 2011 fiz uma matéria muito legal sobre o Memorial da Portuguesa de Desportos. Fiquei amigo do Sr. Vital e do Artur, que na ocasião me concederam a entrevista. Algum tempo depois, Rodrigo de Camargo, filho do ex-jogador Enéas de Camargo, esteve no museu para entregar os troféus do seu pai, pois considerava que estaria em um bom lugar, preservando assim a história do seu pai e da própria Portuguesa. Aproveitei o dia pra fazer uma matéria com ele que gentilmente me deu todas as informações da carreira do grande jogador que foi o Enéas.



FUTEBOL DE TODOS OS TEMPOS: Rodrigo, o seu pai (Enéas de Camargo) faleceu no dia 22 de Dezembro de 1988 por causa de um acidente automobilístico. Quantos anos você tinha na ocasião e como foi o seu convívio com ele?
RODRIGO DE CAMARGO: Meu pai faleceu no dia 27/12/1988 em virtude do acidente automobilístico ocorrido no dia 22/08/1988 e eu tinha 8 anos de idade. O convívio foi muito bom.


FTT: O Enéas nasceu na cidade de São Paulo no dia 18 de Março de 1954. Como ele desenvolveu o seu futebol de dribles curtos em zigue-zague, tinha ídolos e se a várzea foi mesmo a sua primeira escola ou o futebol de salão?
RODRIGO: O drible curto em zigue-zague era nato, meu pai aperfeiçoou no futebol de salão. A várzea foi uma ótima escola para meu pai e muitos jogadores de sua época , pois o jogador de antigamente era muito mais malandro devido a escola varzeana.  Na infância, meu pai era santista, pois tinha como ídolo o Pelé, com aquele esquadrão do Santos.  

 

FTT: Como aconteceu a contratação dele pela Portuguesa de Desportos?
RODRIGO: O professor Nena se encantou com o futebol do meu pai e o aprovou em uma peneira, onde iniciou uma grande carreira, sendo artilheiro em todas as categorias até chegar ao Profissional.

FTT: No time principal estreou no ano de 1971, mas começou a despontar de fato com a conquista do Campeonato Paulista dois anos depois, dividido com o Santos. O que o Enéas comentava sobre esse título?
RODRIGO: Foi a realização de um sonho, pois ele foi campeão junto com o melhor jogador de futebol de todos os tempos e seu ídolo de infância.


FTT: Foi a partir daí que o seu pai começou a ser comparado ao Pelé?
RODRIGO: Os comentários se solidificaram aí, mas dentro da Portuguesa essa comparação já acontecia.

FTT: Diziam alguns que ele era um grande craque, mas que costumava cochilar em campo (termo usado para jogadores que se desligavam da partida). Certa vez vi o Dicá dizer em uma entrevista que o Enéas foi o melhor jogador com quem jogou. Como o seu pai lidava com tantas críticas e tantos elogios?
RODRIGO: Meu pai aceitava as críticas e tocava a vida dele normalmente. Na minha opinião foi um dos jogadores mais injustiçados da década de 70.

FTT: No dia 31 de Março de 1974 joga a sua primeira partida na Seleção Brasileira, num empate de 1 a 1 contra o México, em um amistoso no Maracanã. Na ocasião ele entrou no lugar do Mirandinha. Estava no grupo para a Copa do Mundo da Alemanha, mas acabou sendo cortado. Você acha que isso se deu devido a Portuguesa não ter força na CBD?
RODRIGO: Pode ser também, mas acho que o grupo estava fechado, principalmente os remanescentes da copa de 70.

Eneas recebe a Chuteira de Ouro como revelação do futebol brasileiro
Rodrigo filho de Eneas segura a chuteira ganha pelo  pai ao lado de Mauricio Sabará
FTT: A derrota para o São Paulo nos pênaltis na final do Campeonato Paulista de 1975 foi a maior tristeza do Enéas no futebol? O que ele comentava sobre essa final?
RODRIGO: Foi um jogão, ele fez um belo gol de cabeça na segunda partida levando o jogo para a prorrogação e, nas cobranças de pênaltis, a equipe da Portuguesa não foi feliz.

FTT: Em 1976 é novamente convocado para a Seleção Brasileira pra disputar a Copa do Atlântico, sendo campeão do torneio, tendo Oswaldo Brandão como técnico. Marca o seu único gol com a camisa canarinho no empate de 1 a 1 com o Paraguai. Participa também da vitória por 2 a 1 contra o Uruguai. No total, apenas três jogos pelo Brasil. Talvez essa falta de ritmo tenha contribuído para que não se firmasse?
RODRIGO: A maior injustiça da copa de 1974 foi o corte do meu pai da lista de convocados. Tenho certeza absoluta que se meu pai tivesse uma sequência maior na seleção, ele seria nome certo também em 1978. 

 FTT: No começo dos anos 80 encerra o seu ciclo na Portuguesa de Desportos. O que o Enéas dizia dos seus companheiros de time e dos adversários. Houve algum marcador que tenha dado mais trabalho. Havia algum clube que ele sentia mais dificuldades para enfrentar?
RODRIGO: Meu pai falava de grandes jogadores como Leão, Amaral, Oscar e Marinho Peres. Zé Maria, Badeco, Rivelino, Ademir, Wilsinho, Muricy e Serginho. Lembro também que falava muito bem do futebol do Zico e que era um grande homem. Nunca comentou de um clube específico, mas adorava jogar contra Corinthians, São Paulo, Palmeiras e Santos.


 Em pé: Pescuma, Zecão, Badeco, Isidoro, Calegari e Cardoso; Agachados: Xaxá, Enéas, Cabinho,  Basílio e Wilsinho.

FTT: É contratado pelo Bologna da Itália. Como foi a adaptação no futebol italiano. Conseguiu exibir o mesmo futebol que o consagrou na Portuguesa?
RODRIGO: Os treinos eram muito pesados, pois o frio de Bologna era rigoroso e nevava muito. O que atrapalhou meu pai foi o futebol muito duro e violento, onde as lesões se agravaram muito. Houve um jogo épico entre a Juventus, que era a base da seleção italiana campeã de copa de 82 e o Bologna, com o meu pai jogando muita bola e sofrendo muitas faltas, inclusive sofreu o pênalti onde ocorreu o gol da vitória do Bologna em Turim contra o campeão daquele ano.



FTT: Em 1981 retorna ao Brasil como jogador da Sociedade Esportiva Palmeiras. Apostavam muito nele como parceiro do Jorginho, fez boas partidas, mas não brilhou tanto assim. Como foi essa passagem e relembre uma grande partida dele contra o Santos pelo Campeonato Paulista de 1983, empatando um jogo em que o seu time perdia por 2 a 0, marcando o primeiro gol aos 41 minutos do segundo tempo e com o Jorginho anotando o segundo tento aos 46.
RODRIGO: As lesões foram o principal problema, ou melhor, as infiltrações nos joelhos, isso atrapalhou muito sua passagem pelo Palmeiras ainda mais que veio como um Salvador da Pátria na busca de um título. Realmente foi um jogo inesquecível.



FTT: O Palmeiras não ganhava títulos há certo tempo, fazendo com que seu pai fosse dispensado. Teve depois discretas passagens pelo Ponta Grossa-PR (1984), Juventude-RS (1985) e Central de Cotia-SP (1985/86). Conseguiu apresentar um bom futebol nesses dois clubes?
RODRIGO: Meu pai foi emprestado ao XV de Piracicaba em 1984, pois não contou para a Diretoria qual jogador que jogou água nos hóspedes da varanda de um Hotel em recife e foi responsabilizado pelo ato, isso foi o que faltava para encerrar seu ciclo no Palmeiras. Ainda em 1984 jogou pelo Atlético Goainiense. Em 1985 atuou pelo Operário de Ponta Grossa e  Juventude de Caxias do Sul. Em 1986 na Desportiva e Central Brasileira de Cotia. Teve passagens curtas e discretas e não foi nem sombra do Enéas da década de 70. 

Eneas com a camisa do Palmeiras


FTT: No ano de 1986 conquista o seu último título, sendo Campeão Capixaba pela Desportiva. Conseguiu ser ídolo no Espírito Santo?
RODRIGO: Não foi ídolo, pois atuou menos de 10 partidas pelo clube. Foi contratado na fase final do campeonato, colaborou com gols e assistências na conquista desse título. Foi até matéria da Placar daquele ano.


FTT: Diziam alguns que ele era um grande craque, mas que costumava cochilar em campo (termo usado para jogadores que se desligavam da partida). Certa vez vi o Dicá dizer em uma entrevista que o Enéas foi o melhor jogador com quem jogou. Como o seu pai lidava com tantas críticas e tantos elogios?
RODRIGO: Meu pai aceitava as críticas e tocava a vida dele normalmente. Na minha opinião foi um dos jogadores mais injustiçados da década de 70.



FTT: No dia 31 de Março de 1974 joga a sua primeira partida na Seleção Brasileira, num empate de 1 a 1 contra o México, em um amistoso no Maracanã. Na ocasião ele entrou no lugar do Mirandinha. Estava no grupo para a Copa do Mundo da Alemanha, mas acabou sendo cortado. Você acha que isso se deu devido a Portuguesa não ter força na CBD?
RODRIGO: Pode ser também, mas acho que o grupo estava fechado, principalmente os remanescentes da copa de 70.


FTT: A derrota para o São Paulo nos pênaltis na final do Campeonato Paulista de 1975 foi a maior tristeza do Enéas no futebol? O que ele comentava sobre essa final?
RODRIGO: Foi um jogão, ele fez um belo gol de cabeça na segunda partida levando o jogo para a prorrogação e, nas cobranças de pênaltis, a equipe da Portuguesa não foi feliz.


FTT: Em 1976 é novamente convocado para a Seleção Brasileira pra disputar a Copa do Atlântico, sendo campeão do torneio, tendo Oswaldo Brandão como técnico. Marca o seu único gol com a camisa canarinho no empate de 1 a 1 com o Paraguai. Participa também da vitória por 2 a 1 contra o Uruguai. No total, apenas três jogos pelo Brasil. Talvez essa falta de ritmo tenha contribuído para que não se firmasse?
RODRIGO: A maior injustiça da copa de 1974 foi o corte do meu pai da lista de convocados. Tenho certeza absoluta que se meu pai tivesse uma sequência maior na seleção, ele seria nome certo também em 1978. 

Eneas x Zé Carlos um duelo de classe no meio campo

FTT: No começo dos anos 80 encerra o seu ciclo na Portuguesa de Desportos. O que o Enéas dizia dos seus companheiros de time e dos adversários. Houve algum marcador que tenha dado mais trabalho. Havia algum clube que ele sentia mais dificuldades para enfrentar?
RODRIGO: Meu pai falava de grandes jogadores como Leão, Amaral, Oscar e Marinho Peres. Zé Maria, Badeco, Rivelino, Ademir, Wilsinho, Muricy e Serginho. Lembro também que falava muito bem do futebol do Zico e que era um grande homem. Nunca comentou de um clube específico, mas adorava jogar contra Corinthians, São Paulo, Palmeiras e Santos.




FTT: Antes de falecer em 1988 tinha interesse em se despedir do futebol jogando pela Portuguesa de Desportos?
RODRIGO: Não sei informar, mas tenho certeza que ele ficaria muito feliz se isso tivesse ocorrido.

FTT: Qual foi o legado deixado por Enéas de Camargo?
RODRIGO: Meu pai foi um jogador que tinha um arranque fantástico, finalizava com as duas pernas como poucos e sempre no contrapé do goleiro, tinha uma matada no peito, domínio e controle de bola incríveis e ainda era um exímio cabeceador. Muricy Ramalho citou várias vezes em entrevistas coletivas pelo Santos que craque para ele era o Enéas, que decidia jogos em cinco minutos. Acho que o futebol do meu pai era impar, só não foi tão valorizado por razões que a própria razão desconhece.


REPORTAGEM: Maurício Sabará Markiewicz.

FOTOS: Estela Mendes Ribeiro.

Encontros eternizados - Beckenbauer, Pelé e Chinaglia


Cosmos New York em 1977. Encontro de astros: Franz Beckenbauer, Pelé e Giorgio Chinaglia.

Revista do Dia - Gazeta Esportiva 1964

Na capa da Gazeta Esportiva Ilustrada de abril de 1964 o jogador Peixinho que despontava muito bem no Santos .

quarta-feira, 16 de maio de 2012

O Craque disse e eu anotei - AMAURY HORTA

Amaury Horta é mais uma entrevista para comemorar o centenario do America . Ele que é apontado em quase todas as listas que se façam do America de Todos os Tempos é tambem um jogador que marcou seu nome na historia do Atletico Mineiro. Fez tres partidas contra seleções e em todas elas fez gols, inclusive contra a seleção brasileira tricampeã no México em 1970. Confiram.


FUTEBOL DE TODOS OS TEMPOS – O senhor começou nas categorias de base do America. Ficou muito tempo entre uma categoria e outra?
AMAURY HORTA – Eu fiquei pouco tempo nos juvenis  em 58 e 59 quando fizemos um grande campeonato e ganhamos até com certa facilidade. Fomos campeões e como prêmio eu e o Decio Teixeira fomos chamados para uma excursão com os profissionais.

FTT – Quem subiu com o senhor desta leva?
AMAURY HORTA – Foi eu, o Caillaux, o Eduardo que depois foi jogar na Argentina e o Decio Teixeira. Como disse, eu e o Decio fomos escolhidos entre os juvenis para acompanhar os titulares numa excursão a Europa. Eu não joguei as duas primeiras partidas mas na Grecia eu joguei e fiz o gol da vitoria por 1x0. E desta partida em diante nunca mais voltei para o juvenil. Nos outro jogos na Europa eu fui muito bem, fiz outros gols e quando voltei já fui direto para o profissional. E eu tinha apenas 17 anos.



FTT – E o senhor nos juvenis em 58 tinha aquela admiração pelos profissionais campeões mineiros em 57?
AMAURY HORTA – Na verdade quando acompanhei mais os jogos em 59 o America já tinha se desfeito de grande parte daquele time campeão. O time de 59 tinha o Toledo que faleceu recentemente, tinha o Roberto e mais alguns mas o time foi renovado.

FTT - No ano de 1963 o senhor foi convocado para a seleção mineira.
AMAURY HORTA – Esta foi a primeira vez que fizeram uma convocação com toda estrutura. Tinhamos dentista, medico e tudo mais a disposição. Ficamos concentrados no Sesc Venda Nova e com isto montamos uma equipe que se sagrou campeã. Ganhamos do Paraná duas vezes, uma de goleada por 6x0. Ganhamos também de São Paulo lá dentro por 3x0 e no jogo de volta eles fizeram um gol logo de cara e foi uma tremenda pressão até nós empatarmos.


FTT – Na final Minas Gerais venceu as duas partidas contra os cariocas.
AMAURY HORTA – Ganhamos dos cariocas aqui e lá no Rio. Uma seleção que tinha : Castilho; Jair Marinho, acho que era Luis Carlos, Zózimo e Altair; Carlinhos e Gerson; Joel, Henrique, Dida e Escurinho. E nós ganhamos aqui e lé. Lá inclusive nós estávamos perdendo de 1x0 e viramos para 2x1.
FICHAS DOS JOGOS

JOGO DE IDA DA FINAL
MINAS GERAIS 1 x 0 GUANABARA
Minas Gerais: Marcial; Massinha, William, Procópio e Geraldino; Hilton e Amauri; Luiz Carlos, Rossi, Marco Antônio e Ari. Técnico: Mário Celso
Guanabara: Castilho; Jair Marinho, Luiz Carlos, Zózimo e Altair; Carlinhos e Gérson; Correia, Foguete, Henrique (Nelson) e Nilo. Técnico: Flávio Costa
DATA: 27 de janeiro de 1963
LOCAL: Estádio Independência
GOL: Ari, aos 26 minutos do primeiro tempo
ARBITRAGEM: Armando Marques, auxiliado por Alcebíades de Magalhães Dias e Luiz Pereira Filho
PÚBLICO: 32.721 pagantes
RENDA: Cr$ 9.924.060,00
JOGO DE VOLTA DA FINAL
GUANABARA 1 X 2 MINAS GERAIS
Guanabara: Castilho; Jair Marinho, Luiz Carlos (Mário Tito), Zózimo e Altair; Carlinhos e Gérson; Joel, Henrque, Dida e Escurinho. Técnico: Flávio Costa
Minas Gerais: Marcial; Massinha, William, Procópio e Geraldino; Hilton e Amauri; Luiz Carlos (Nerival), Rossi, Marco Antônio e Ari. Técnico: Mário Celso
DATA: 30 de janeiro de 1963
LOCAL: Maracanã
GOLS: Dida, aos 6, e Luiz Carlos, aos 12 minutos do primeiro tempo; Marco Antônio, aos 36 minutos do segundo tempo
ARBITRAGEM: Joaquim Gonçalves, auxiliado por Cláudio Magalhães e Wilson Lopes de Sousa
EXPULSÕES: Jair Marinho, Altair e Joel (Rio de Janeiro)
PÚBLICO: não disponível
RENDA: Cr$ 11.565.438,00
FTT – O senhor acha que foi uma zebra ou Minas Gerais foi mesmo superior?
AMAURY HORTA – Fomos superiores o campeonato todo. Basta ver que ganhamos do Paraná aqui de 4x0 e lá dentro de 6x0. Vencemos a seleção paulista por 3x0 no Pacaembu e aqui foi um empate sofrido por causa da pressão que se criou.
FTT – No duelo pelo meio campo o senhor e o Ilton Chaves se deram bem contra o Carlinhos e Gerson. Dois adversários de respeito.
AMAURY HORTA – A seleção mineira estava muito certinha. O Marão foi muito bom técnico e arrumou o time. Ele soube convocar muito bem, soube quem colocar no time, soube administrar a pressão e nós pudemos render bem em campo.


FTT – Coincidentemente depois que Minas Gerais conquistou o torneio a CBD resolveu acabar com este campeonato. Era por falta de datas?
AMAURY HORTA – Eu acho que é porque se acostumaram a ficar apenas entre cariocas e paulistas e se assustaram com nosso titulo. Nunca tinham perdido até então.


FTT - Suas atuações no America e principalmente na seleção mineira despertaram o interesse de outros times na sua contratação. Porque a escolha em ir para o Comercial?
AMAURY HORTA – Na verdade eu fui vendido. Foi uma coisa que foi acordada meio escondido ente a diretoria do Comercial que veio me comprar e a diretoria do America. Ficou acertado que não seria anunciado nada durante  o campeonato brasileiro de seleções. Eu fui vendido depois da segunda partida contra o Paraná numa segunda feira. Fui vendido antes de ser campeão, eu e o Marco Antonio .


FTT - E este time do Comercial fazia frente aos grandes times paulistas?
AMAURY HORTA Fazia. No campeonato de 66 terminamos em terceiro e não fomos para a final porque no jogo contra o Palmeiras em Ribeirão, nós fizemos 1x0, depois fizemos o segundo e o juiz anulou. Depois fez uma lambança. O gol do Palmeiras empurraram o Rosan com bola e tudo pra dentro do gol e valeu. Enfim , fomos prejudicados e muito.
FTT – Este Comercial encarava todo os grandes mas e o Santos ?
AMAURY HORTA Tambem. O maior jogo do campeonato paulista foi Santos 7x5 Comercial. Para você ter ideia, o arbitro foi o José Astolfi e quando acabou o jogo ele pegou a bola e colheu as assinaturas dos dois times. Falou que foi o maior jogo que ele já tinha apitado. O jogo foi assim: saímos perdendo de 2x0, viramos o jogo e era lá e cá o jogo todo. O Pelé não fez nenhum gol nesta partida mas colocou o Coutinho em condições de marcar uns ter ou quatro gols. E o Coutinho era aquele jogador de área, pois ele não era muito de sair pra buscar jogo e ali ele fez uns três gols. Foi um jogo histórico.
FTT - Você acredita que foi e ainda é o melhor time que o Comercial já teve?
AMAURY HORTA Foi. Para se ter ideia, eu estive em Ribeirão Preto recentemente numa solenidade de posse da nova presidência e ela nos prestou esta homenagem. Nos encontramos quase todos numa festa muito gostosa. Esta recepção foi a confirmação do que representou aquela equipe para o clube.
FTT – E os classicos contra o Botafogo?
AMAURY HORTA Nunca perdi para o Botafogo. Nunca! Nem no nosso campo e nem no deles. Aliás ganhamos duas vezes no campo deles. Ganhei também um torneio que disputamos em Goiania e por coincidência na final deu Comercial e Botafogo. Eu cheguei a ganhar de 5x0 na estreia do Marão no Botafogo.
FTT – Pois quem foi melhor: o Comercial de Rosan , Piter, Amaury, Jair Bala e Carlos Cesar ou o Botafogo de Aguilera, Lorico, Ze Mario e Socrates ?
AMAURY HORTA – Olha eu continuo acreditando que dava o Comercial. Tinha não só este pessoal que você falou mas tinha o Nonô, o Ferreira que depois foi pro Vasco, o Paulo Bim. Eu apostava no Comercial.
FTT – O senhor parece ter gostado muito do Comercial, porque a saída?
AMURY HORTA – Fizemos um campeonato brilhante em 66 e no inicio de 67 foi uma fase de crise financeira. Houve um problema com um dirigente que tinha investido muito dinheiro no clube e tiveram que vender alguns jogadores. Eu a principio não estava incluído. Eu era o capitão da equipe, tinha um nome muito grande com a torcida e eles não queriam me vender. Porem depois de uma excursão que nós fizemos ao Nordeste onde jogamos em Pernambuco, Bahia, Sergipe e quando eu voltei direto para Belo Horizonte, a diretoria do Atlético me procurou e disse que eu avisasse a diretoria do Comercial que eles iriam lá para conversar. Assim foi feito. Eles tiveram que fazer uma reunião do conselho e depois de muita discussão , com parte do conselho sendo contra resolveram me vender porque necessitavam resarcir aquele diretor que havia investido no clube.

AMAURY HORTA VAI PARA O ATLÉTICO MINEIRO

FTT – O senhor voltou para Minas mas desta vez para o Atlético. Como era a estrutura do clube naquela epoca?
AMAURY HORTA – Eu peguei a época de treinamento ainda em Lourdes no estádio do Atletico. O gramado era muito ruim. Aliás todos os estádios com exceção do Independencia eram muito ruins os gramados. Nos concentrávamos no Hotel Taquaril.

FTT – O futebol mineiro em geral tinha pouca estrutura nesta época?
AMAURY HORTA - Olha vou te citar uma passagem só para se ter um ideia de como era. Teve um jogo em Nova Lima contra o Villa Nova e eu subi numa bola com o Eleutério e quando eu desci meu queixo bateu em cima da cabeça dele. Na hora eu senti que machuquei. Passei a mão e vi que estava sangrando. Pensei que tinha arrebentado todos meus dentes mas aí chegou o Ari perto de mim e disse que não, que tinha sido um corte no queixo. Me lembro que sai e fui levado para o vestiário. O médico chegou e me disse: “a primeira noticia que eu tenho é que não tem anestesia”. E eu como uma dor mas uma dor de ficar louco. Foi então que veio a segunda noticia: “ não tenho linha para suturar, somente ponto grampeado.” Eu falei: que isto? Pois ele pegou o grampeador e cada ponto que me dava eu quase batia no teto de tanta dor. Eu tentei voltar pro jogo mas eu não conseguia nem falar. Fiquei 20 dias sem poder comer, só tomava liquido. O médico então pegou seu carro e foi embora. Acabou o jogo e nós viemos no ônibus e eu alucinado de dor. O Bolão, massagista do America então falou que íamos para o pronto socorro porque lá sempre tinham uns médicos conhecidos do pessoal do America. Chegamos lá e realmente apareceu um doutor lá conhecido. Ele veio e perguntou o que tinha acontecido. Então falaram que eu estava sentindo muita dor. Tiraram radiografia do meu maxilar e não tinha quebrado nada. Mas eu fiquei com aqueles grampos e sofri por quase 20 dias.
Outra coisa eram os matérias de treino. As chuteiras eram de péssima qualidade, tinham pregos que saiam da sola e te furavam o pé. Muitas vezes deixava o meião mais pra baixo para poder usar a ponta dele dobrada para servir de sola amortecendo.


FTT – Em 1968 o Atletico representou a seleção brasileira em um jogo no Mineirão contra a Iugoslavia. Fale um pouco desta partida?
AMAURY HORTA – A Iugoslavia saiu ganhando de 2x0. Depois eu dei um passe e o Vaguinho fez o primeiro. No final do primeiro tempo o Vaguinho foi a linha de fundo e eu já estava acostumado com esta jogada dele pois treinavamos sempre. Vim correndo da intermediaria e subi de cabeça marcando o gol de empate. O arbitro uruguaio Ramon Barreto e o Yustrich trocaram umas barrigadas e nosso tecnico foi expulso. No segundo tempo o Ronaldo fez o gol da vitoria. (Brasil 3x2 Iugoslavia.)

FTT – Os iugoslavos naquele tempo tinham boa tecnica tambem e eram inclusive chamados de “os brasileiros da Europa.
AMAURY HORTA - Tinham uma grande seleção. Não eram divididos ainda. Era um pais só. Não tinha Servia, Croacia, Estonia e Bosnia igual hoje em dia. Quando eram todos juntos tinham um time muito forte.

DATA: 19/Dezembro/1968 - LOCAL: Estádio do Mineirão, em Belo Horizonte-MG (Brasil)
PÚBLICO: 37.592 - ÁRBITRO: Ramón Barreto (Uruguai)
GOLS: Josip Bukal (5), Nenad Bjekovic (8), Vaguinho (32), Amauri Horta (45) e Ronaldo (53)

BRASIL: Brasil: Mussula; Vander, Normandes (Djalma Dias), Grapete e Décio Teixeira; Vanderlei Paiva, Amauri Horta e Lola; Vaguinho, Ronaldo e Tião (Caldeira). Técnico: Yustrich.

IUGOSLÁVIA: Ivan Curkovic; Andjelko Tesan, Rajko Aleksiv, Miroslav (Dragan Holcher) e Dojcinovski; Paunovic, Nenad Bjekovic (Ilija Katic) e Spasovski; Vahidin Musemic (Rudolf Belin), Jovan Acimovic (Fikret Mujkic) e Josip Bukal. Técnico: Rajko Mitic.

O GALO VENCE A PODEROSA SELEÇÃO BRASILEIRA DE PELÉ, TOSTÃO, GERSON , RIVELLINO E CIA


FTT – Já em 69 foi o Atletico quem enfrentou a seleção brasileira. Voces venceram po 2x1. Jogo para nunca mais esquecer.
AMAURY HORTA - O Brasil tinha se classifcado para a Copa do mundo no México e veio fazer este amistoso em Belo Horizonte. O Atletico jogou com a camisa da seleção mineira. Eu fiz o primeiro gol, Pelé empatou e depois o Dario fez o segundo gol.
FTT – Você e o Oldair ali no meio campo tendo de marcar Gérson , Rivellino, Jairzinho, Tostão, Ze Carlos e Pelé. Era muito craque para ser parado.
AMAURY HORTA - Naquela epoca se jogava com um medio volante e um armador e o Tião que era ponta é quem ajudava a fechar o meio. A gente se entendia muito bem e demos conta de cobrir os laterais e ajudar a armar o time. Fomos felizes nesta partida.

Está ai o video do Canal 100 com as imagens do jogo:


FTT - E teve algum jogador com quem o senhor se entendia melhor?
AMAURY HORTA - O Vanderley foi um. No Atletico a gente se entendia muito bem. Teve o Pedro Omar no America. O outro foi o Ilton Chaves no America. O Ilton era jogador de muita raça. Chegou aser apontado como inutilizado para o futebol quando veio do Atletico. O Paulo Benigno (preparador fisico) fez um trabalho extraordinario para recupera-lo. Me lembro que depois de 2 anos parado , no jogo da sua volta em um amistoso em Ponte Nova, ele entrou no vestiario no intervalo em prantos. Primeiro que estava muito emocionado e depois porque achou que tinha decepcionado a todos e não tinha correspondido. Nosso treinador chegou então e falou que ele não iria sair e contava com ele . Foi para o segundo tempo e voltou a ser aquele grande jogador que todos conheciam. Ele voltou tão bem que acabamos quatro jogadores do America sendo a base da seleção: Ilton Chaves, eu, Marco Antonio eo Ari.

FTT - E parece ser o seu destino fazer gols em seleções pois teve outro jogo entre o Atletico e a seleção da Hungria e novamente o senhor fez um gol.
AMAURY HORTA - Nós estavamos perdendo por 2x0 e então eu fiz o primeiro gol de cabeça numa cobrança de escanteio. No segundo temp empatamos o jogo.

FTT - A Hungria não era mais a mesma dos anos 50 mas ainda era forte.
AMAURY HORTA - Ainda tinham um time muito bom . O atacante deles , o Albert era excelente. O futebol não era mais o de Kocsis, Czibor, Puskas mas era muito bom .

A VOLTA PARA O AMÉRICA E A CONQUISTA DO TITULO MINEIRO INVICTO
 

FTT – O Atletico tinha quebrado a hegemonia do Cruzeiro conquistando o campeonato mineiro de 1970 . Foi um titulo esperado desde a ionauguração do Mineirão em 65. O senhor estava lá e fez parte desta conquista. Porque então saiu para o America em 71?
AMAURY HORTA - O que aconteceu foi que em dezembro eu me encontrei com o Biju que foi quem treinava as categorias de base do America e me conhecia desde então. Ele me falou que iria me buscar no Atlético. Eu falei: "então busca". Sei que o America realmente foi lá e me pegou emprestado.

FTT - O senhor acredita que este foi o melhor time do America em todos os tempos?
AMAURY HORTA - Não, eu acho que foi uma equipe que tinha alguns suportes bons, outros regulares mas o time jogava com coração, com vontade.


FTT – Pedro Omar, Amaury , Dirceu Alves e Jair Bala. Era a alma deste time?
AMAURY HORTA - Acredito que sim. Sempre se falou que quem ganhava o meio campo ganhava o jogo. É uma realidade. E nós conseguimos jogar bem. Ganhamos duas do Atlético , empatamos duas com o Cruzeiro neste campeonato e acabamos sendo campeões .


FTT – Fale um pouquinho do Pedro Omar e do Jair Bala com quem você jogou.
AMAURY HORTA - O Pedro Omar era um jogador que batia muito bem na bola, chutava muito. Teve um jogo contra o Atlético que eu ajeitei uma bola pra ele de fora da area e ele chegou batendo, fazendo um golaço. Ele era nosso capitão na epoca. Já o Jair Bala era um jogador extremamente tecnico. O jair foi importante no America no inico dos anos 60 onde foi muito bem e depois no seu retorno em 71 foi peça fundamental tambem.

    America x Cruzeiro 1971 - Amaury está ao fundo a direita da foto

FTT – Bons tempos do futebol mineiro . No ano de 71 o Atletico foi campeão brasileiro, o Villa Nova campeão brasileiro da serie B, o Cruzeiro tinha aquela timaço e o America foi campeão mineiro . As bases destes times eram feitas nos juvenis. Você acha que hoje os jogadores perderam a identidade com seus clubes?
AMAURY HORTA - E o America foi campeão invicto. Foi algo realmente surpreendente. O grupo se fechou e consguimos uma campanha brilhante. Sobre os jogadores, acho que sim,hoje perderam a identidade com os clubes. Entram e saem toda hora, muda muito rápido.



Em sua campanha pelo título de Campeão Mineiro de 1971 o América utilizou os seguintes jogadores: Élcio,   Emílio, Adilson, Batista, Misael, Ademir, Cláudio, Hale, Vander, Café, Dias, Zé Horta, Veran, Pedro Omar, Édson, Dirceu Alves, Hélio, Zé Carlos, Mérola, Jair Bala, Dario, Valtinho, Élter, Eli , Julinho e Amaury Horta. Amaury é o ultimo sentado a direita.



FTT – Se olharmos somente no meio campo em Minas Gerais tínhamos no inicio dos anos 70 Pedro Omar, Amaury Horta, Jair Bala, Piazza, Ze Carlos, Dirceu Lopes, Tostão, Vanderlei Paiva, Oldair, Lola e Lacy. Hoje em todo Brasil não conseguimos formar uma grande seleção. O que aconteceu?
AMAURY HORTA - A Lei Pelé foi muito prejudicial aos clubes. Porque o jogador vai embora sem jogar direito no Brasil e vai estourar na Europa como o Messi. Tem este aspecto que tem prejudicado o futebol brasileiro. Não deixam formar direito o jogador . Hoje eu não vejo nenhum jogador de meio campo no nosso futebol que tenha facilidade de enfiar uma bola . Antes tinhamos um Gerson, Rivellino, Ze Carlos , Toninho Cerezo e tantos outros que colocavam os companheiros na cara do gol. Hoje não temos mais.

FTT - Hoje talvez tenhamos apenas o Ganso.
AMAURY HORTA - É ,bem lembrado. Talvez seja o unico que consegue fazer isto no futebol atual.

FTT – Qual foi a partida que mais te marcou?
AMAURY HORTA - Eu tive jogos que marcaram eternamente. A partida do Atletico representando a seleção brasileira contra a Iugoslavia......a vitoria sobre a seleção brasileira em 69 , teve um gol que eu fiz contra o Valério no Mineirão que eu recebi a bola dei um chapéu no Zé Borges e emendei de bate pronto. E olha que foi pouco depois do meio campo e a bola saiu reta. Pegou na veia.
Depois teve um clássico que o América venceu o Atlético por 3x1 e eu fiz os tres gols. O primeiro de cabeça, o segundo foi de bicicleta e um gol de tabela com o Roberto Mauro.

FTT – Aponte os 7 maiores jogadores que o senhor viu jogar.
AMAURY HORTA - Considero o Pelé em primeiro . Enfrentei o Pelé umas 4 vezes . Só perdi uma. Teve um jogo historico no Mineirão que ele foi coroado "rei" e eu acabei eleito o melhor jogador em campo pela radio Itatiaia. O Atletico venceu por 2x0. Depois ganhei dele jogando contra a seleção brasileira. Perdi somente esta partida do Comercial por 7x5. Bem então o Pelé, depois Garrincha, joguei contra ele tanto no auge no Botafogo quanto depois no Flamengo. Era um jogador fantastico. O Gerson que era um jogador diferenciado de muita visão de jogo. Joguei contra ele varias vezes. Seleção mineira juvenil, depois na profissional na final , eu no Atletico e ele no Botafogo. Vamos colocar aí o Tostão tinha muita facilidade de enfiar as bolas para os companheiros. O Nilton Santos um craque. Outro é o Jairzinho. Um que não é da minha epoca mas sou fã dele é o Ronaldo Fenomeno. Tinha uma explosão fora de serie.  Se pensarmos em um goleiro lembro logo do Gilmar, fantastico

FTT - Por falar em goleiro qual foi o melhor que o senhor enfrentou?
AMAURY HORTA - Raul e Marcial. Tem goleiro que dá um passo pra trás para depois fazer uma ponte. Raul e Marcial não precisavam disto porque estavam sempre bem colocados. Marcial foi muito bem aqui no Atletico e depois no Flamengo. Raul tambem, eram muito tranquilos.

Entrevista: Bruno Steinberg






quinta-feira, 10 de maio de 2012

Encontros Eternizados - Maradona & Fidel Castro

Diego Maradona e Fidel Castro contemplam um quadro em que os dois estão abraçadosem um outro encontro que tiveram. Maradona já foi visitar Fidel inumeras vezes a ultima a poucos anos atrás.

Revista do Dia - ESPORTE ILUSTRADO 1942

A Revista ESPORTE ILUSTRADO de Julho de 1942 trás em sua capa o talentoso e genioso jogador Heleno de Freitas.

quarta-feira, 25 de abril de 2012

O Craque disse e eu anotei - EULLER

Pensei em algum jogador que pudesse de alguma forma homenagear o America MG que completa no proximo dia 30 de Abril 100 anos da sua fundação. A entrevista da semana deveria ser com um jogador que fez historia no clube. Após pensar em alguns nomes , notei que ninguem melhor do que Euller para ser o entrevistado. Foi campeão mineiro com o América no inicio de sua carreira. Jogou tambem em outros grandes clubes brasileiros e voltou para encerrar sua carreira no clube onde começou. Na inauguração do Estadio Independencia fará tambem o seu jogo de despedida dos gramados. A nossa homenagem aos torcedores do América através de um idolo eterno: EULLER.


FUTEBOL DE TODOS OS TEMPOS - Você surgiu nas categorias de base do America, um clube tradicionalmente revelador. Foi uma boa leva de jogadores que subiram.
EULLER – Foi sim. Subiram da minha época o Gilson goleiro, o Estevam lateral direito, o Leley zagueiro,  o Gutemberg, o Guiba e eu.


FTT – O America sempre teve um trabalho forte de base pois pouco antes subiram o Palhinha e o Ronaldo Luiz.
EULLER – Foi, eles subiram pouco antes de mim. O America sempre teve um bom trabalho de base porque diferente dos outros clubes que quando necessitam de um zagueiro ou de um meia, tem recursos financeiros para poder buscar. O América não tendo este recurso recorre a base para compor o seu elenco. Tem times que contratam dois ou três para a mesma posição e o America acaba dando chances aquele jogador  da base e assim foi comigo, Palhinha, Ronaldo Luiz, Fred, Alessandro, Wagner, Irenio, Denis, Gilberto Silva e por ai vai.

Euller fazendo um gol contra o Atletico em 1993.
                                                                                                                                                                                FTT - O America foi vice campeão mineiro em 92 e campeão em 93. 
EULLER – Foi o resultado de uma boa sequencia de três anos. O America formou um bom time , um grande elenco. Em 92 America e Cruzeiro se equivaliam, times muito iguais, mas o Cruzeiro tinha um jogador que estava fazendo a diferença naquele ano, o Renato Gaucho. E eles acabaram vencendo. Já em 93 fomos coroados com o titulo.




FTT - O tecnico era o Pinheiro. Era um bom treinador?
EULLER – Pinheirão, velho Pinheiro (semblante e sorriso de carinho de Euller). Rapaz, aquele era um paizão, Muitas vezes ele optava por uma tarde de conversa a dar um treino. A gente ria muito, era uma preleção bem descontraída. O jogador ficava muito a vontade. Ele unia o grupo como poucos.

FTT - Neste seu inicio de carreira ficou quanto tempo no America?
EULLER – Na primeira passagem foram seis anos, de 88 a 93


EULLER REENCONTRA OS AMIGOS PALHINHA E RONALDO LUIZ NO SÃO PAULO

FTT - Você se destacou e acabou sendo vendido ao São Paulo. Lá reencontrou um amigo, o Palhinha.
EULLER – Exatamente! Eu joguei com ele aqui no America, foi uma fase boa e depois chegando ao São Paulo me encontrei com o Palhinha e Ronaldo Luiz.

FTT – E ter um velho conhecido ajuda na ambientação.
EULLER – Muito. O Ronaldo Luiz então me ajudou demais. Ele morava no CT e eu também e então nossa proximidade foi muito importante para minha integração ao grupo



FTT – E como foi esta passagem pelo São Paulo?
EULLER – Foi muito boa. Eu tive o privilegio de ter o Tele Santana como técnico que aliás foi muito mais do que um técnico. Ele foi um pai para mim. Fosse dentro de campo ou fora dele seus conselhos sempre me ajudaram muito. O futebol começava a querer acabar com os pontas e o Tele acreditou em mim e eu jogava nas duas pontas com ele. Ele me fez aprimorar a forma de jogar de dentro para fora ou de fora para dentro, participando mais do jogo.


FTT - 1994. Oitavas de finais da Libertadores. São Paulo x Palmeiras. Se lembra desta decisão onde só um seguiria em frente? (0x0 e SP 2x1)
EULLER – No primeiro jogo era para ter ficado uns 7x1 para o Palmeiras. O Zetti pegou tudo neste dia e nos salvou. . No segundo jogo, muito emocionante e de afirmação para mim. O Palmeiras tinha uma verdadeira seleção , era o time para conquistar a Libertadores , o campeão brasileiro e nós conseguimos reverter isto. Eu fiz os dois gols e me afirmei pra valer naquele jogo.

 

FTT - Voces chegaram a final da Libertadores e tinham tudo para conseguir o tricampeonato. Venceram apenas por 1x0 e perderam nos penaltis. O time entrou nervoso ?
EULLER – Não. A primeira coisa é que o jogo foi muito amarrado e nós fomos muito prejudicados pelo arbitro. O Velez não quis jogar e foi só cera, cera, cera. E eles sabem fazer isto como ninguém e conseguiram o que queriam. Nós ficamos mais preocupados em discutir com o arbitro e tirou o nosso foco. Nos pênaltis o Palhinha foi infeliz e acabamos perdendo.


FTT - Você cobrou um dos penaltis?
EULLER – Cobrei o quarto e converti.

FTT – Um goleiro como o Chilavert acostumado a pegar pênaltis pesa para o cobrador numa hora destas ?
EULLER – No caso do Chilavert o diferencial que vejo foi que ele estudou melhor a nossa forma de cobrar os pênaltis. Você vê que ele vai em todas as bolas e ainda por cima cobrou e fez o gol dele.



EULLER VAI PARA O ATLÉTICO E TEM ESTRÉIA DE GALA

 FTT – Você foi então para o Atletico. Se lembra do jogo de estreia ?
EULLER – Foi um amistoso com o Flamengo que comemorava o seu centenário. O Atletico apresentando o Taffarel, o Paulo Roberto Costa , Gutemberg e eu como novas contratações . Eu consegui fazer o gol da vitoria e logo no grande rival o Flamengo. O Mineirão com 100 mil torcedores e então teve aquele laço imediato da torcida do Atletico comigo. Foi assim por todo tempo que eu estive no Atletico.
Video com as estreias de Taffarel, Paulo Roberto e Euller faznedo o gol decisivo.

Ficha tecnica



ATLETICO 3X2 FLAMENGO
Data: 8 de fevereiro de 1995.

Local: Belo Horizonte, MG.

Estádio: Mineirão.

Público: 51.987 pagantes.

Competição: Amistoso.

Árbitro: Marco Antônio Cunha, MG.

Expulsões: Gutemberg e Fabinho.

ATLÉTICO: Taffarel; Paulo Roberto Costa, Luis Eduardo, Hélio Pescara e Paulo Roberto; Carlos, Gutemberg e Éder (Darci); Euller, Renaldo e Reinaldo Rosa (Zé Carlos) - Tec: Levir Culpi.

FLAMENGO: Adriano; Charles Guerreiro (Gustavo), Jorge Luis, Aguinaldo e Branco; Fabinho, Marquinhos e Nélio (Fábio Baiano); Sávio, Mazinho (Rodrigo Mendes) e Romário - Tec: Vanderlei Luxemburgo.

GOLS: Reinaldo Rosa (18'), Sávio (32'), Paulo Roberto (33'), Jorge Luis (74') e Euller (88').

Euller é o ultimo agachado a direita

FTT – Pouca gente se lembra mas o Ezio jogou no Atletico e você jogou com ele.
EULLER – Jogou e foi muito bem. Foi um bom parceiro e ele tinha como ponto forte o cabeceio. A gente combinava antes qual a melhor maneira para cruzar,posicionamento e ele conferia.




EULLER É DO VERDÃO


FTT – O Palmeiras é o seu destino em 1997. O time vai bem vence o seu grupo na fase final e pega o Vasco ganhador do outro grupo. O Vasco por ter feito melhor campanha jogava pelo empate e foi o que ocorreu. Dois empates em 0x0. O Vasco era mais time ?
EULLER – O Palmeiras foi uma situação em que eu tinha acabado de renovar meu contrato com o Atlético. Nem queria sair do clube pois estava bem. Foi quando o Paulo Cury (presidente do Atletico) me chamou e disse que precisava me vender para o Palmeiras. Disse que precisavam fazer dinheiro, fazer caixa. Então eu fui conversar com o pessoal da Parmalat no hotel e pouco antes desta conversa eu recebi uma ligação do Felipão. Ele disse: “estou preparando o meu time para o ano que vem e conto com você neste planejamento.” Acabei acertando com eles e começamos um trabalho que acabou dando bons frutos. Sobre a final de 2000 foi muito equilibrada e o maior erro que vejo foi ter tirado o jogo do Parque Antarctica e ter levado para o Morumbi.

FTT – Já em 99 a conquista da Libertadores da America.
EULLER – Todo treinador e jogador tem um objetivo que é vencer a Libertadores. Se torna o maior titulo na sua carreira. Um momento marcante e inesquecivel. Foi o objetivo atingido, uma meta que Felipão traçou, o trabalho recompensado.

FTT - Mas as partidas finais contra o Deportivo Cali foram durissimas?
EULLER - Extremamente dificil. Jogo por igual. O interessante é que as duas equipes jogavam em um esquema tático igual e o Felipão não abria mão da sua tática no inicio do jogo. Depois ele mudou colocando o Evair e eu e deixou o time muito ofensivo e rápido. E deu certo. Vencemos o jogo mas tivemos que encarar uma decisão por penaltis e aí o Marcos brilhou novamente. No final sobrou eu e o Zapata , eu fiz e o Zapata chutou para fora. Aí foi só comemorar.
 


FTT - Nos conte como foi eliminar o arquirival Corinthians numa quartadefinal do maior torneio da America?
EULLER - Poxa você estando em um clube onde se elimina numa Libertadores o seu maior rival é tudo.

FTT - E no ano seguinte novamente e ainda por cima com Marcos defendendo o penalti do Marcelinho Carioca (rindo)
EULLER - Aí é perfeito! (gargalhada)



FTT - Como era a forma de jogar quando atuavam você e o Paulo Nunes juntos ?
EULLER - No inicio quando estávamos disputando tres competições, que eram o paulista ,a Copa do Brasil e a Libertadores, sempre tinha um como titular. Sempre atuavamos com um atacante de velocidade que era ou eu ou o Paulo Nunes e sempre com um atacante de area que podia ser tanto Oseias quanto o Evair. O Felipão sempre fazia este revezamento. Agora quando precisava mudar o sistema de jogar ele colocava o Paulo Nunes de um lado e eu no outro. Ficava sempre um centro avante na area e vinham de trás o Zinho e o Alex.


EULLER VAI PARA O VASCO  O MELHOR TIME EM QUE JOGOU

FTT – Em 2000 você foi para o Vasco.
EULLER – Só para registrar a minha ida para o Vasco foi uma aposta para que eu pudesse atuar ao lado do Romário. Eu tinha comigo que a minha característica de jogar poderia casar com a do Romario. Achava que poderíamos nos dar muito bem. Quando meu contrato acabou com o Palmeiras eu tive varias propostas de outros clubes, inclusive da Europa. Recisei todas. Recusei uma que o meu empresário, o Alemão queria me bater. (risos). Mas era um desejo que eu tinha de jogar ao lado do Romario e na seleção brasileira. Quando surgiu a proposta então não pensei duas vezes e fui. 



FTT - E o Vasco era um timaço.
EULLER – Eu cheguei no Vasco e encontrei uma equipe realmente diferenciada. Eu vou te dizer uma coisa, foi a melhor equipe que eu joguei. Tendo jogadores específicos para cada posição e craques que sabiam o que fazer com a bola.

FTT – Você e o Juninho Pernambucano tinham algum tipo de sinal ou jogada combinada ?
EULLER – Olha o time tinha varias jogadas ensaiadas. A começar pelo Elton. A saída rápida com a mão que já nos  proporcionava um contra ataque .Ele saía com as mãos como ninguém, lançava lá no meio sem dar chutão. Esta bola sempre passava ou em mim ou no Juninho Paulista. Eu abria de um lado e ele do outro. E nós armávamos os contra atques pois éramos velozes. Já quando o Juninho Pernambucano recebia a bola, ele olhava para mim , eu fingia que corria em direção a ele mas ele não me lançava a bola ali. Lançava atrás e já sabia onde correr. O Juninho Pernambucano era aquela jogador que enfiava a bola, que lançava, que distribuía o jogo. Já o Juninho Paulista era quem carregava, levava a bola até o ataque. Eu usava de muita velocidade pela ponta e o Romario que era muito fácil jogar com ele.



FTT – Romario foi seu maior parceiro?
EULLER – Foi meu melhor parceiro. Eu não tinha a menor dificuldade em fazer a jogada pelo lado e lançar para ele. Sabia se desmarcar do zagueiro como ninguém. Ele tinha aquela jogada em que fingia que ia na bola na frente e dava um passo para trás. Então eu já sabia e era só lançar no segundo pau que ele estava livre.


FTT – Você jogou com dois grandes armadores, o Cesar Sampaio no Palmeiras e o Juninho Pernambucano no Vasco. Fale um pouco dos estilos de cada um.
EULLER – O Cesar Sampaio já era um jogador experiente, que sabia muito bem o que fazer com a bola, ditava o ritmo. O Juninho Pernambucano estava começando mas mesmo assim você já via seu potencial em distribuir o jogo.




FTT – Na semifinais do Brasileiro você foi fundamental nos jogos contra o Cruzeiro. Na primeira partida no Rio você fez os dois gols do empate por 2x2 e no  jogo de volta no Mineirão estava 1x1 quando você desempatou no segundo tempo.
EULLER - O primeiro jogo foi em São Januario e venciamos por 2x0 com dois gols meus e o Cruzeiro acabou empatando. Sabíamos que não seria facil mas o Vasco era um time que sabia o que fazer. Sabiamos a hora de acelerar, a hora de segurar, quando tranquilizar a partida e acostumadas a lidar com determinadas situações e esta era uma. Nós na segunda partida contra o Cruzeiro sabiamos onde poderiamos ganhar o jogo. Foi justamente onde eu fiz o gol.

FTT - Foi em cima do Cleber usando sua velocidade?
EULLER - Não em cima do Cleber mas nas costas do Sorin. O Sorin era aquele jogador peladeiro, que estava na area, correndo mas não era um lateral. O Cruzeiro jogava com uma linha de quatro mas ele não era lateral. E por mais que você coloque o Cleber para fazer a cobertura ou o volante estando ali já dificulta. Porque tinhamos eu e o Romario. O zagueiro já tinha que se preocupar com o Romario e então tinha a opção de jogada comigo. Então nós optamos por jogar ali e foi assim que saiu a jogada do nosso gol de desempate. Eu recebi a bola e já dei um tapa nela tirando o Cleber da jogada. Na velocidade eu sabia que iria ganhar e foi dito e feito.

FTT - No final da partida o Romário  fez o gol , o terceiro do Vasco.
EULLER - Foi, o Romario ainda fez o gol dele, aliás o primeiro que el fez no Mineirão. Até então ele nunca tinha feito um gol no estadio.


FTT - Você jogou no Vasco de 2000 a 2002 e foi uma peça importante no esquema tático da equipe, especialmente empregando a sua velocidade, que foi uma característica na sua carreira. Como você usou dela naquele jogo histórico em 2000 quando o Vasco virou o jogo de 4x3 sobre o Palmeiras na extinta Copa Mercosul?
EULLER - Foi aquilo que eu disse que nossa equipe sabia o momento certo de atacar, o momento certo de defender e este jogo nos pegou de surpresa. O Palmeiras entrou a 1000, fez um primeiro tempo perfeito, nos deixando atônitos. Na verdade não era para ser só 3x0 porque nós tomamos um "chocolate" e poderia ter sido 4 ou 5 tranquilamente para eles. Nós descemos então para o vestiario pensando o que tinha acontecido.

FTT - E o que foi conversado no vestiario?
EULLER - Primeiro o silencio. Aquela coisa de um olhar para o outro e não entender o que estava acontecendo, nada estava dando certo. Era apenas o segundo jogo do Joel porque o primeiro foi aquele no Mineirão . Ele tentou então nos motivar porque viu que todos estávamos em silencio. Usou a motivação do que qualquer esquema até porque pela equipe que nós tinhamos, não dava para cobrar muito esquema tático pois a equipe era muito tecnica. O diferencial foi na subida para o campo onde nós olhamos um para o outro e falmos: "isto não pode ficar assim. Nosso time não é time para ser goleado pelo Palmeiras. Eu não aceito e o outro tambem disse que não aceitava  e mais o outro e falamos vamos mudar isto e pode contar comigo". Sei que subimos para o campo motivados e arrepiados. Não pensávamos na virada queriamos pelo menos amenizar aquela goleada. porem no decorrer do segundo tempo fomos vendo poderiamos entrar para a historia. tanto que quando fizemos o primeiro (1x3) eu fui lá no banco e falei para o Eurico: "todo mundo nos ajudando porque nós vamos virar esta partida". Nós vimos que isto poderia acontecer. Quando o Junior  Baiano foi expulso nós não tivemos dificuldades. Continuamos atacando, jogando melhor. Então esta partida realmente tem uma historia. Não foi uma virada qualquer. Foi uma virada em cima de uma grande equipe e numa final de competição sulamericana. O jogo ficou marcado na hisitoria.


Video especial do Esporte Espetacular contando a historia desta partida.


FTT - Foi a partida mais emocionante de sua vida?
EULLER - Uma delas. Teve um Palmeiras 4x2 Flamengo em que eu fui o protagonista fazendo dois gols no final, classificando o Palmeiras. Aquilo passou a seer usado como video motivacional. Hoje ele é usado na internet como video motivacional. O Felipão sempre usava na Libertadores antes das partidas  este video mostrando que tudo é possivel.

Está aí o video que é mesmo de arrepiar.


FTT - Aponte os sete maiores jogadores que você viu jogar.
EULLER - Primeiro o Taffarel. Top para mim e pena que não temos mais goleiros como ele. Goleiro sem firula, bem posicionado , calmo. Taffarel com uma mão segurava a bola. Leandro lateral do Flamengo foi maravilhoso. Romario foi fantastico. O proprio Zico que eu vi jogar. Hoje temos o Messi e Neymar destruindo. Alex foi outro craque.

FTT - E qual lateral foi o mais dificil de passar por ele?
EULLER - Olha para ser sincero lateral mesmo, nenhum. Eu tive dificuldades com um jogador, um zagueiro que foi o Juan do Flamengo. O Juan tinha velocidade e por mais que você desse um tapa na bola ele no minimo chegava junto com você. Ele tinha recurso e velocidade e por isto ele foi o que foi. Eu procurava muito forçar jogadas em cima daqueles zagueiros violentos que batiam porque quase sempre eles acabavam levando cartão amarelo e muitas vezes o vermelho.


FTT - Você voltou para o clube onde iniciou sua carreira. O que é o America para você?
EULLER - O América é uma  vida. A chance aos 17 anos de jogar no profissional dada pelo Jair Bala, subi com 19, fiz meu primeiro contrato como profissional, conquistei meu primeiro titulo como profissional. Eu fiquei ao total 12 anos no America nas duas passagens. Hoje dificilmente um jogador fica seis ou sete anos em um clube. Esta geração de idolos dos clubes está acabando. Voltei para o America em 2006 com o objetivo de voltar com o America para a elite do futebol.. Tanto que quando cheguei minha conversa era sobre o planejamento e eu estava incluido neste planejamento . Independente se fosse dentro ou fora do campo eu iria ajudar o América. Não poupei esforços para isto e por isto foi um privilégio muito grande subir com o America para a primeira divisão do futebol brasileiro.

FTT - Você acha que com a inauguração do Independencia e mais o Shopping o América está no caminho certo ou falta algo importante para se reerguer de vez?
EULLER - O America começa a criar uma raiz não apenas para chegar na elite mas sobretudo para se manter lá em cima. Porque você chegar não é tão dificl como você permanecer na primeira divisão. A maior dificuldade que eu vejo para o América é de fazer novos torcedores. O torcedor é o maior patrimonio do clube. Ele é a alma e sem ele o clube morre. Este é o grande desafio do América hoje. Tem uma grande estrutura no Ct? Tem . Precisa melhorar? Precisa. A comçear pelo seu gramado que precisa mudar, adaptar aos gramados dos estadios. Porque não dá para você treinar em um gramado e jogar em outro. Precisa fazer os alojamentos porque hoje não tem mais espaço para jogador treinar de manhã e a tarde ser liberado para ir pra casa e muitos não vão. Vão para o shopping andar, comer coxinha, alimentação desbalanceada. Então algumas coisas precisam melhorar para se manter forte na elite. A estrutura do Shopping vai ajudar na parte financeira que é muito importante e o estadi pode se tornar uma grande arma desde que se consiga formar torcedores e esta torcida apoiar os jogadores. O torcedor no estadio é muito importante porque o jogador se motiva, se desdobra, se esforça mais um pouco.


FTT - Chegou o dia do seu jogo de despedida. Junto com a inauguração do Independencia. Nesta altura do campeonato ainda dá aquele friozinho na barriga?
EULLER - Acho que vai dar sim. Eu ainda não senti mas com certza no momento eu vou me emocionar porque é uma vida, um sonho meu de encerrar minha carreira com a camisa do América este clube que eu tenho tanto carinho. Junto a isto um jogo pelo Centenario do clube e a reinauguração do estadio. Ficou perfeito. Posso dizer que Deus foi  muito bom para mim e eu tenho sempre que agradecer a Ele por tudo que fez em minha vida, em minha carreira e poder estar fechando com chave de ouro .


FTT - Você está falando de Deus e não podemos deixar de lembrar da sua dedicação e fidelidade desde o seu começo de carreira. Sempre se mostrou um evangelico convicto. Você enfrentou muitas restrições por isto, pela sua escolha?
EULLER - Não somente tinha preconceitos como ainda tem. Muitas barreiras, muitas restrições. Não é facil dentro do clube de você receber apoio da maioria. Sempre tem aquela "gracinha", aquele que não te apoia, que te dás as costas só porque você é evangelico. Muitos jogadores só querem ficar falando de muleheres e baladas e como você é evangelico eles te excluem de certas conversas. Então é tudo  isto, não é facil. Porem eu graças a Deus  por onde passei dei bons testemunhos. Não é pelo muito falar mas simpelo agir que vale muito mais.

FTT - Filho do Vento . Como surgiu este apelido?
EULLER - Foi o Milton Naves, radialista da Radio Itatiaia . Foi um jogo do América e ele foi muito feliz em um gol que eu fiz usando de muita velocidade e foi quando ele falou "um gol do Filho do Vento". Hoje é uma marca conhecida por todos, uma marca minha regsitrada. Agradeço a Deus por ter iluminado a ele neste dia e ter surgido este apelido.


Entrevista : Bruno Steinberg