FTT - Futebol de Todos os Tempos

ENTREVISTAS COM EX JOGADORES, TECNICOS, DIRETORES E PESSOAS LIGADAS AO FUTEBOL QUE CONTRIBUIRAM DE ALGUMA FORMA PARA QUE PUDESSEMOS CONHECERMOS UM POUCO MAIS DA HISTORIA DO FUTEBOL BRASILEIRO E MUNDIAL.

quarta-feira, 27 de outubro de 2010

O Craque disse e eu anotei - ATALIBA

Conheci o Ataliba quando estive presente na Associação Cooperesportes Craques de Sempre (www.craquesdesempre.com.br). Trata-se de uma pessoa muito receptiva e simples, que sempre se mostrou interessado em realizar a entrevista. A matéria foi gravada no próprio Parque São Jorge.



 
FUTEBOL DE TODOS OS TEMPOS: Ataliba, você começou inicialmente nos Dentes de Leite do Corinthians?
ATALIBA: Exatamente, comecei com Wladimir e Solito. Foi em 1969. O treinador era o Sr. Luiz Morais, conhecido como Cabeção. Grande técnico. Era uma época boa.

 FTT: Chegou a conhecer também o Sr. José Castelli, o Rato?
ATALIBA: Depois eu passei com o Rato. Nesta época estava na Vila Maria, em seguida fui pra Penha e não deu mais pra continuar no Corinthians e fui para o Juventus através de um grande amigo meu, o Paulinho.

Mauricio Sabará entrevistando Ataliba no Parque São Jorge.

FTT: Quem era o seu grande ídolo no futebol?

ATALIBA: Meu grande ídolo era o Rei (Pelé), mas este é a parte. Mas o meu grande ídolo mesmo na época dos Dentes de Leite era o Rivellino.

 

ATALIBA FAZ PARTE DE UM GRANDE TIME DO JUVENTUS
FTT: Como foi esta sua passagem pelo Juventus da Mooca?
ATALIBA: Foi ótima, uma experiência muito grande. Joguei oito anos lá, de 74 a 82.



FTT: Você foi artilheiro do Campeonato Paulista ou dividiu a artilharia com outro jogador?

ATALIBA: Ficou meio que no ar. Eu fiz 28 gols e ele fez também 28, mas um gol dele deram a mais. Era o Juary, do Santos. Um belo time que tinha naquela época.

FTT: Ataliba, você era um ponta-direita que marcava muitos gols. E uma das suas vítimas principais na época do Juventus era justamente o Corinthians.
ATALIBA: É a fase. Não foi só no Corinthians. Não sei se foi Deus, mas todo jogo enfiava um gol neles. Até hoje eles falam. Mas eu também fazia gols nos outros times.
FTT: Na época, quando você jogava contra o Corinthians, era marcado pelo Wladimir.
ATALIBA: Nossa, esse era um monstro, meu amigão até hoje. Jogamos juntos nos Masters. Amigo de velhas datas.
Corinthians 1984 (da esq. p/direita, em pé): Casagrande, Sócrates, Carlos, Eduardo, Ataliba e Zenon;
(agachados) Mauro, Juninho, Edson, Biro Biro e Wladimir.


FTT: Quais foram os outros grandes laterais-esquerdos que você enfrentou ao longo da carreira?
ATALIBA: Vários e muito bons, mas também maldosos. Teve o Gilberto Sorriso, mas este era limpo, amigão meu, conversamos até hoje. Tiveram muitos. Na época tinham laterais e pontas. No começo eu não era ponta, mas meia-direita na época de juvenil. Como diziam que não tinha ponta, me colocavam lá e acabei ficando.



FTT: Em 1982 você voltou ao Corinthians, ou seja, o bom filho a casa torna. Como foi esta contratação, o que significou este momento e o período que esteve no Parque São Jorge?
ATALIBA: Sempre fui corintiano. Minha família também. Foi algo muito bom na época da Democracia Corinthiana. Um momento histórico. Time que tinha muita participação. Eu nem tanto, mais o Sócrates, o Casagrande e o Wladimir. Período das Diretas Já. Tínhamos esta oportunidade de ter esta idéia. Foi ótimo. Falavam que era uma zona, mas não era bem assim. As idéias eram boas.
O Corinthians campeão paulista de 1982. Ataliba é o terceiro em pé  a partir da esquerda.

FTT: E vocês foram Bicampeões Paulistas.
ATALIBA: Eu fui Tri, pois além do Bi de 82 e 83 no Corinthians, venci também o de 84 pelo Santos.
FTT: Inclusive na partida final de 82, contra o São Paulo, na vitória de 3 a 1, o terceiro gol do Corinthians foi, talvez, uma das maiores jogadas da sua carreira, se não foi a maior. Você consegue lembrar como foi?


ATALIBA: Lembro bem. Mas também se eles me pegam! Eu não era muito habilidoso. Vinha pela meia-esquerda, quando vieram o Éverton e o Marinho Chagas. Falam que foram o Oscar e o Dario Pereyra. Eu até gosto, pois foram dois monstros. Eu passei no meio do Chagas e do Éverton e toquei para o Casagrande marcar. Aí só foi festa.
FTT: Outras grandes atuações suas foram no 10 a 1 contra o Tiradentes pelo Brasileirão de 83 e uma partida contra o Flamengo no Campeonato Brasileiro de 84.
ATALIBA: Contra o Tiradentes eles fizeram 1 a 0, com um gol de Sabará. E ficaram apenas nisso (risos...). Contra o Flamengo, no Rio, perdemos por 2 a 0 e aqui em São Paulo tínhamos que ganhar com dois gols de diferença. E ganhamos por 4 a 1.
Mozer corta lançamento para Ataliba. O atacante corintiano deu muito trabalho a defesa rubro negra.

 
FTT: Em 84 você saiu do Corinthians. Qual foi o motivo da sua saída?
ATALIBA: O treinador era o Jair Picerni que ,quando chegou, teve outras idéias. O Serginho Chulapa, meu compadre, veio lá em casa, me convidando pra ir para o Santos. Eu dizia pra ele que estava no Corinthians, não muito bem, mas não queria ir. Acabei indo para o Santos.

FTT: Você, inclusive, foi Tricampeão pelo Santos em 84, mas era mais reserva.
ATALIBA: Exatamente, pois o time já vinha muito bem e pra eu entrar era osso duro. O time era muito bom.



FTT: Depois do Santos você foi para o Santa Cruz e outras equipes.
ATALIBA: Fui em 86 para o Santa Cruz, sendo Campeão Pernambucano naquele ano. Depois do Santa, fui pra baixo. Joguei no Marília e no Gama de Brasília. Eu já estava em final de carreira. A idade vai chegando.

FTT: Você era ponta-direita. Teve o Marcelinho que jogou em uma posição mais ou menos parecida com a sua.
ATALIBA: Ele era mais um meia. Não era um ponta que ficava aberto. Eu também não era um ponta mesmo, pois os gols só saem mesmo dentro da área, portanto tinha que ficar por lá.

FTT: Quem foram os grandes jogadores que você viu jogar, não somente do Corinthians, mas do futebol em geral?
ATALIBA: Se eu for te dizer todos, vai demorar, pois a lista é muito grande. Eram épocas boas. Não era só o Santos um bom time, tinha o Palmeiras, a Ponte Preta, o Guarani, America de Rio Preto, o próprio Marília que era difícil enfrentá-los na casa deles. O futebol mudou muito.

FTT: Em que você se dedicou depois que encerrou a carreira?
ATALIBA: Participo da Associação, dando aulas. Ainda jogo futebol com frequencia para manter a forma.
FTT: O que representou o Corinthians na sua vida?
ATALIBA: Tudo! Minha estabilidade e meu nome. Não só a mim, pois ele ajuda muita gente. O Corinthians é diferenciado. Todo mundo ama e todo mundo odeia. Aqui é difícil. Pra você estar bem tem que se dar bem com a massa, com si mesmo, entender a torcida corintiana, pois ela é exigente, pura, humilde, mas te cobra muito também.


REPORTAGEM: Maurício Sabará Markiewicz.
 FOTOS: Estela Mendes Ribeiro.




7 comentários:

  1. Ótima entrevista! O Ataliba é muito legal, passando de forma simples e direta o que foi a sua carreira. Mesmo não sendo tão participativo nas idéias como Sócrates, Wladimir e Casagrande na Democracia Corinthiana, teve importantes momentos nas partidas finais dos títulos.
    Parabéns, Tata!

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  2. Excelente entrevista, Maurício!
    Aliás, eu gosto muito do formato de suas entrevistas. De forma simples, direta e objetiva; você a conduz brilhantemente sem perder a sutileza de um agradável bate-papo... e o resultado não poderia ser diferente.
    Parabéns! ;))

    * Lí num tópico da FTT, que você entrevistaria jogadores de outras cidades e estados.
    Diante desta possibilidade, eu gostaria muiiito, se possível, uma entrevista pra lá de especial com o meu (nosso, rs) queridíssimo Nilton Santos!
    Embora, ele viva em tempo integral numa clínica da zona sul do Rio, e esteja acometido pelo Mal de Alzheimer... soube que ele recebe equipe de reportagem, com a permissão do médico que o assiste; porém com recomendações de poucas perguntas para não cansá-lo.
    Eu gostaria que pensasse com muiiito carinho nesta possibilidade.
    Deixo registrado aqui o meu apêlo, e o meu carinhoso abraço!

    Neide Oliveira.

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  3. Ladyneide,
    Seria uma satisfação realizar uma entrevista com o Nílton Santos, mas confesso que não lembro de ter comentado sobre entrevistar jogadores de outros cidades e estados. Por morar em São Paulo tenho acesso mais fácil à jogadores desta cidade. Quem sabe futuramente.

    Abraço,
    Maurício Sabará

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  4. Me lembro bem das antigas entrevistas do Ataliba como eram divertidas. Ele foi daqueles jogadores que se não são lembrados como grandes craques , certamente são lembrados porque escreveram seu nome na historia dos seus clubes. No caso , principalmente do Corinthians e Juventus onde fez 28 gols em um campeonato dificil como o paulista.
    Bela materia Mauricio Sabará.

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  5. Sou muito fã do Ataliba,por isso fiquei feliz prá caramba quando soube da entrevista,ele era um jogador guerreiro e passava isso para o torcedor,vi muito jogos dele e aprendi admira-lo!

    Parabéns Maurício.

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  6. Ataliba como ele mesmo disse não era habilidoso,mas era goleador e dava muito trabalho,eu havia me esquecido que Ataliba foi campeão pelo Santos em 1984, parabéns Mauricio

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  7. Lembro do Ataliba jogando com o Mauro (zagueiro central) pelo Tupã FC. O time precisava da vitória para se classificar à fase seguinte e a bola não entrava. Num cruzamento cabeceou para o chão. A bola quicou e encobriu a trave. Ele sorriu, balançou a cabeça, como se tivesse sapo enterrado junto à trave. (Homenagem ao Ataliba e ao meu Professor de Teoria Geral do Processo, Pedro Mudri Bassan, grande tupaense e corinthiano que hoje nos deixou).
    Adelço Vizu

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