FTT - Futebol de Todos os Tempos

ENTREVISTAS COM EX JOGADORES, TECNICOS, DIRETORES E PESSOAS LIGADAS AO FUTEBOL QUE CONTRIBUIRAM DE ALGUMA FORMA PARA QUE PUDESSEMOS CONHECERMOS UM POUCO MAIS DA HISTORIA DO FUTEBOL BRASILEIRO E MUNDIAL.

terça-feira, 6 de julho de 2010

O Craque disse e eu anotei - BADECO

No dia primeiro de julho tinha uma entrevista agendada com o Basílio, que é presidente da Associação Cooperesportes Craques de Sempre. Coincidentemente o ex-jogador Badeco também trabalha lá e aproveitei para realizar mais uma entrevista. Confiram a matéria.

Badeco gentilmente concedeu uma entrevista contando
um pouco da sua brilhante historia.

FUTEBOL DE TODOS OS TEMPOS: O que você tem a falar sobre a sua passagem pela Portuguesa de Desportos?
BADECO: Foi um momento único na minha carreira de jogador de futebol. Eu vinha do América do Rio e no começo fui criticado no futebol paulista. Depois fui me adaptando, até porque eu sou catarinense e tenho que me adaptar ao que é o futebol. Fomos campeões paulistas divididos com o Santos e, em 75, fui vice em outra disputa de pênaltis com o São Paulo. Só o fato de ter um título junto com o Pelé já é muito bom.

FTT: Esta final de 73 foi muito polêmica. Teve aquele erro nas contagens do juiz Armando Marques. É um título que você, como grande jogador da Portuguesa que foi, guarda com muita recordação?
BADECO: Guardo porque ficou na história. Fatos que acontecem, que você está presente naquele momento, fui feliz, mesmo sabendo que foi dividido, mas é um título, tanto que as duas forças se igualavam, mesmo o Santos tendo alguns talentos individuais melhores, tínhamos também um time coeso, bom, certinho, saía na hora certa, ficamos invictos no segundo turno ganhando do Santos por 1 a 0. Neste time tinha o Enéas, Basílio, Wilsinho, Xaxá e o Cabinho que foi jogar no México. A nossa equipe era muito boa.

Time campeão em 73:
Em pé: Pescuma, Zecão, Badeco, Isidoro, Calegari e Cardoso;
agachados estão Xaxá, Enéas, Cabinho, Basílio e Wilsinho

FTT: Fale sobre o vice-campeonato paulista de 1975.
BADECO: Existem muitas facetas no futebol. O São Paulo foi muito inteligente naquele momento, pois neste jogo que vencíamos por 1 a 0, o Muricy foi expulso e tínhamos perdido pra eles na quinta. Fomos para a prorrogação, sendo que o São Paulo alegava outro jogo, que poderia colocar outro jogador, ficando aqueles quinze minutos naquele discussão, consequentemente você esfria o corpo e para retornar demora pra você esquentar o seu corpo. Esta eu considero a grande jogada do São Paulo, porque naquele momento estávamos melhores.


Vice campeã em 75:
Em pé: Mendes, Zecão, Badeco, Calegari, Santos e Cardoso
Agachados: Antonio Carlos, Enéas, Tatá, Dicá e Wilsinho

FTT: Sua carreira está muito ligada à Portuguesa. O seu início foi no futebol catarinense?BADECO: Sou de Joinvile. Comecei no América desta cidade. Meu pai também foi jogador. Tive grandes momentos lá. Depois fui para o Corinthians, onde fiquei somente onze meses. Nem dava muito pra jogar, pois na minha posição de volante jogavam o Dino Sani e o Nair. O grupo era muito bom, com o Rivellino, Flávio, Ney, Jair Marinho, Maciel, Ditão, Clovis, Silva, Bataglia e o Gilson Porto. Era um time fenomenal. Mas o Palmeiras e o Santos eram superiores,
levando o Corinthians a ficar muito tempo atrás de um título. Eu fui trocado pelo falecido Eduardo para o América do Rio. O técnico do América era o Evaristo de Macedo e como já tinham jogado em Joinvile, ele lembrou-se de mim e indicou a minha contratação.

FTT: Como foi a sua passagem pelo América do Rio?
BADECO: Foi uma passagem boa. Joguei cinco anos lá. Atuei com o Edu, Tadeu Ricci, Alex, Paulo Cesar, Jeremias e Almir Pernambuquinho. Era um excelente time que joguei. Os quatro primeiros no Rio iam para as finais e nós desbancamos o Botafogo de Gérson e Jairzinho. Ficamos em terceiro lugar e o Fluminense em quarto. Houve aquela manobra e colocaram o Botafogo. E no nosso primeiro jogo os enfrentamos. Nós ficamos chateados, pois tínhamos vencido eles. Dificilmente ganhávamos deles e perdemos por 1 a 0. O América tinha um bom time, mas não tinha força. Eram sempre campeões o Flamengo, Fluminense ou Vasco.

America RJ 1968
Em pé: Rosan, Alex, Badeco, Aldeci, Leon e Djair
Agachados: Bataglia, Almir, Edu, Tadeu e Gilson Porto.

FTT: Achei interessante você citar a Portuguesa e o América, que eram grandes times, vendo que hoje não tem mas esta força.
BADECO: O meu filho até brincou comigo, dizendo sobre estes times (exceto o Corinthians). O América de Joinvile nem existe mais. A Portuguesa passa por aqueles momentos, subindo e descendo. O América do Rio melhorou um pouco com o Romário. A equipe do Juventude está na terceira divisão. É triste você ver o time que jogou estar nesta situação. Queiram ou não, as pessoas te associam àquele clube.

FTT: Badeco, você chegou a jogar pela Seleção Brasileira?
BADECO: Não joguei. Eu tive a felicidade de estar na despedida do Eusébio e jogar com grandes jogadores, como Gordon Banks, George Best, Neeskens e Bob Charlton. Eu quebrei o braço em Recife e perdi a chance de ir pra Seleção Brasileira em 74, pois estava em grande fase. São coisas da vida e temos que aceitar os desígnios de Deus.


Quanta fera reunida numa mesma partida



FTT: Você fez parte de uma geração maravilhosa, jogando com grandes jogadores. Houve algum que era mais complicado para enfrentar?
BADECO: Houve uma pessoa que me perguntou quem eu havia marcado. Marquei Pedro Rocha, Ademir da Guia, Rivellino (e olha que ainda não falei do Pelé! Risos...), Pelé, Tostão, Dirceu Lopes, Silva! Acho que fui um bom jogador (risos...), pois marquei todos esses caras! Portanto esta é a análise que eu faço. Mas teve um jogador que tive dificuldades em marcar, que era o Jorge Mendonça. Jogava muito no canto do campo, não era um jogador centrado, te puxava para o lado do campo, me dando trabalho, já que eu era volante.

FTT: Houve algum médio-volante que tenha te inspirado ou aquele que você admirou?
BADECO: Tiveram bastante. Via muitos jogarem. Vi Zequinha e Chinesinho, uma dupla fantástica que acompanhei quando tinha dezesseis anos. Gostei de ver jogar Lorico e Paiva. Eu vim substituir o Lorico na Portuguesa. Admirava muito o Dino Sani e o Nair. Tinham muitos grandes volantes. Cito também o Clodoaldo e o Chicão. As pessoas perguntam se tenho saudades e como seria se eu jogasse agora. Cada um tem a sua época. Meu pai dizia que nós não jogávamos nada comparando à época dele.

FTT: Quais foram os outros times que você atuou após a sua brilhante fase da Portuguesa?BADECO: Fui para o Comercial de Campo Grande e Juventude de Caxias do Sul. Este último não estive em grande fase, por causa do tendão de Aquiles, mas guardo grandes recordações pela assistência que me deram, mas lamentando a atual fase do time. Poderia até iniciado a carreira de treinador lá, mas não o fiz por ter feito um concurso para a Polícia Federal. Fui delegado e me aposentei. O futebol não efêmero. Uma hora você para e se pergunta o que vai fazer, portanto tem que se fazer alguma coisa para não ter problemas no futuro.

Mauricio Sabará e Badeco - Boa tabelinha

FTT: O que você achou da Portuguesa depois da carreira? Houveram times que você tenha gostado?
BADECO: A Portuguesa teve um time bom, vice-campeão brasileiro em 96. Época do Rodrigo, Capitão e Leandro. Realmente era um time excepcional. A Portuguesa tinha uma coisa gozada, pois quando tinha volantes da raça negra, desde a época do Brandãozinho, o time sempre teve bons momentos. Foi grande time de futebol, pois teve Ceci, Hermínio, Julinho Botelho, e Djalma Santos. Todos grandes baluartes do futebol.

FTT: E o Denner?
BADECO: O Denner era excepcional, foi uma pena. O Basílio uma vez levou ele pra jogar no Operário da Vila Maria. Estava no meio-de-campo o Biro-Biro e eu. Nesta época estava com uma idade mais avançada, pois sou uns dez anos mais velho que o Biro-Biro. O Basílio me disse que tem um garoto que jogava muito. E ele jogou no time contrário. Ele me deu um balanço que eu nem tinha condições de ir atrás, pois a idade não permitia. Era um fora-de-série, pena que a vida o levou. Era veloz, buscava sempre o gol e fazia jogadas diferentes.

FTT: O que você achou da Seleção de 2010?
BADECO: Temos possibilidades de levar, pois já levamos a Copa das Confederações. Criticam muito o Dunga, mas não apresentam fatos. Se formos ouvir os jornalistas, cada um tem a sua Seleção. Acho que o Dunga percebeu isso e montou o time dele, embora talvez não gostamos de alguns jogadores. Nenhuma Seleção foram todos que o público gostou. O time joga como ele quer e busca o resultado que ele quer.

REPORTAGEM: Maurício Sabará Markiewicz - FOTOS: Estela Mendes Ribeiro

3 comentários:

  1. Muito bacana a entrevista que fiz com o Badeco. É uma pessoa de muita simpatia e simplicidade, que se expressa muito bem. Poderíamos ter conversado muito mais, pois assunto é que não faltava. Um grande abraço para o Badeco.

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  2. Maurício,
    a cada entrevista que leio aqui, aprendo um pouco mais... e o mais legal, de uma forma simples e inteligente vcs vão reescrevendo a história de craques que não devem jamais serem esquecidos.
    Parabéns!

    *sempre que posso passo por aqui. (:

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  3. sou torcedor do américa do rio e tenho muitas saudades dos tempos que o america tinha grandes jogadores como foi o badeco agradeço este site por trazer a nós esta bela entrevista badeco faz parte da historia dos grandes times do america de todos os tempos belas tardes de domingo no maracanã os jogos america contra os grandes era considerado classicos e o badeco com classe e estilo fazia partidaços com a camisa 5 rubra do america que recordação um abraço badeco

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