Na verdade, tal feito tem o status de um dos mais significativos episódios da história de todo o futebol nacional, pois resgatou a credibilidade e a confiança do torcedor brasileiro que, um ano antes, vira a nossa Seleção perder a final da Copa do Mundo para o Uruguai.
A fama que o Brasil tinha de ser o melhor selecionado do planeta, muito embora ainda não tivesse ganhando uma Copa do Mundo, ficou profundamente arranhada com a derrota para os uruguaios. A decepção de todo o povo foi tão gigantesca que se chegou a temer pelo futuro do futebol em nosso País. Com os clubes já organizados mais ou menos da forma como hoje os conhecemos, com idéias de torneios em níveis interestadual e até mesmo nacional começando a ser esboçadas, o que não se podia aceitar era um descaso ao esporte que, àquela altura, já encantava milhões de pessoas
Daí a idéia da CBD (atual CBF) em organizar a Copa Rio, cujo nome oficial foi I Torneio Internacional de Clubes. A competição teve jogos disputados no Maracanã e no Pacaembu e contou com a presença de oito das melhores equipes do mundo.
O Vasco da Gama/RJ, que tinha em seu elenco oito jogadores que haviam disputado a Copa de 50 pelo Brasil, era o favorito disparado. Mas a Juventus/ITA, onde sete feras da Azurra e uma da seleção sueca também atuavam, era outro time pra lá de forte. O Estrela Vermelha, por sua vez, carregava o status de ser a base da seleção da Iugoslávia, o mesmo acontecendo com o Áustria Viena, que tinha em seu time nada menos do que 10 nomes do selecionado austríaco. Olympique de Nice/FRA e Sporting/POR também se qualificavam como as mais fortes equipes de seus países, e o Nacional/URU trouxe para o Brasil dois campeões mundiais - Perez e PazLiminha, Ponce de Leon, Richard, Jair Rosa Pinto e Rodrigues Tatu - Que ataque fabuloso !
A taça, no entanto, ficou com o Palmeiras, cujo elenco também era composto por verdadeiras feras: além de Jair Rosa Pinto, Juvenal e Rodrigues Tatu, personagens da chamada "Tragédia do Maracanã" de uma no antes, o Verdão tinha nomes como Lima, Waldemar Fiúme, Liminha, Canhotinho, Achilles...
Mas a conquista só foi possível graças à intervenção do líder, craque e capitão do nosso time. Foi Jair Rosa Pinto quem, após a derrota para a Juventus/SP por 4 a 0, no Pacaembu, convenceu o técnico Ventura Cambon a mexer em algumas posições. Assim foram sacados ídolos eternos do clube, mas que não viviam um bom momento, caso principalmente de Oberdan. E como o futebol tem segredos que só mesmo os seus deuses conhecem, foi justamente o goleiro reserva Fábio Crippa o maior responsável não só pela classificação palmeirense à grande final como também pelo próprio título que obtivemos.
Por falar nele, a festa vista em São Paulo/SP quando da chegada dos campeões do mundo foi inesquecível. Jornais da época apontam a presença de cerca de 1 milhão de pessoas, que saudaram os jogadores e membros da comissão técnica com lenços brancos, como era costume então. Dentre o público, presença marcante também de torcedores de outros clubes, já que a conquista palmeirense, como dissemos, resgatou o sentimento de brasilidade de cada torcedor
TODOS OS CAMPEÕES
Goleiros: Oberdan, Fábio Crippa e Inocêncio - Médios: Sarno, Túlio, Luís Villa, Dema e Gérsio - Zagueiros: Salvador, Juvenal, Waldemar Fiúme e Palante - Meias: Ponce de Leon, Jair Rosa Pinto e Achilles - Atacantes: Lima, Liminha, Rodrigues Tatu, Richard e Canhotinho
Gol de Canhotinho
A SEMIFINAL E A FINAL
VASCO DA GAMA (BRA) 1 X 2 PALMEIRAS (BRA)
Data: 11/07/1951 Semifinal / 1º Jogo
Local: Estádio do Maracanã / Rio de Janeiro (RJ)
Árbitro: Graigh (Inglaterra)
Gols: Richard 24/1º, Maneca 01 e Liminha 37/2º
VASCO DA GAMA: Barbosa, Augusto, Clarel, Eli, Danilo, Alfredo, Tesourinha, Ipojucan (Vasconcelos), Friaça, Maneca e Djair / Técnico: Otto Glória.
PALMEIRAS: Fabio Crippa; Salvador, Juvenal, Waldemar Fiúme, Luis Villa, Dema; Liminha, Achilles, Richard, Jair e Rodrigues / Técnico: Ventura Cambon.
VASCO DA GAMA (BRA) 0 X 0 PALMEIRAS (BRA)
Data: 15/07/1951Semifinal / 2º Jogo
Local: Estádio do Maracanã / Rio de Janeiro (RJ)
Árbitro: Gama Malcher (Brasil)
VASCO DA GAMA: Barbosa, Augusto, Clarel, Eli, Danilo, Alfredo, Tesourinha, Vasconcelos, Friaça, Maneca e Djair / Técnico: Otto Glória.
PALMEIRAS: Fabio Crippa; Salvador, Juvenal, Waldemar Fiúme, Luis Villa, Dema; Liminha, Achilles, Richard, Jair e Rodrigues (Ponce de Leon) / Técnico: Ventura Cambon.
PALMEIRAS (BRA) 1 X 0 JUVENTUS (ITA)
Data: 18/07/1951Final / 1º Jogo
Local: Estádio do Maracanã / Rio de Janeiro
Árbitro: Franz Grill (Áustria)
Gols: Rodrigues 20/1º
PALMEIRAS: Fabio Crippa; Salvador, Juvenal, Túlio, Luís Villa, Dema; Lima, Ponce de Leon, Liminha, Jair e Rodrigues. Técnico: Ventura Cambon.
JUVENTUS: Viola, Bertucceli, Manente, Mari, Ferrari, Piccinini, Muccinelli, Karl Hansen, Boniperti, Vivole e Praest. Técnico: Carver
PALMEIRAS (BRA) 2 X 2 JUVENTUS (ITA)
Data: 22/07/1951Final / 2º Jogo
Local: Estádio do Maracanã / Rio de Janeiro
Árbitro: Tordjan (França)
Gols: Praest 18/1º, Rodrigues Tatu 02, Karl Hansen 18 e Liminha 32/2
PALMEIRAS: Fabio Crippa; Salvador, Juvenal, Túlio, Luís Villa, Dema; Lima, Ponce de Leon (Canhotinho), Liminha, Jair e Rodrigues / Técnico: Ventura Cambon.
JUVENTUS: Viola, Bertucceli, Manente, Mari, Parola, Bizzoto, Muccinelli, Karl Hansen, Boniperti, Johan Hansen e Praest / Técnico: Carver