FTT - Futebol de Todos os Tempos

ENTREVISTAS COM EX JOGADORES, TECNICOS, DIRETORES E PESSOAS LIGADAS AO FUTEBOL QUE CONTRIBUIRAM DE ALGUMA FORMA PARA QUE PUDESSEMOS CONHECERMOS UM POUCO MAIS DA HISTORIA DO FUTEBOL BRASILEIRO E MUNDIAL.

quarta-feira, 10 de fevereiro de 2010

Jogador da semana - JULINHO BOTELHO

O INICIO DA FAMA NA PORTUGUESA DE DESPORTOS





Mal aproveitado pelo Corinthians quando tinha 19 anos (queriam que ele fosse jogar na ponta esquerda, em vez da direita), Julinho foi logo contratado pelo Juventus, em 1950. Ficou lá apenas seis meses, quando foi para a Portuguesa. Era uma equipe fantástica, onde jogava ao lado de Djalma Santos, Brandãozinho e Pinga, todos atletas de seleção brasileira. Com eles, ganhou o Rio-São Paulo de 1954. Neste ano, o jogador foi com a seleção brasileira disputar a Copa do Mundo da Suíça e, mesmo perdendo nas oitavas-de-final para a Hungria, foi eleito o melhor ponta-direito da competição


NA FIORENTINA CONSAGROU-SE COMO UM DOS MAIORES



Em 1956 foi para a Fiorentina, onde é reverenciado até os dias de hoje. A equipe nunca havia ganho um título nacional, e com ele venceu a temporada de 55/56, sendo ainda vice dois anos seguintes. Julinho quis voltar para o Brasil, só que a Fiorentina ainda o amava. Ela fez uma proposta irrecusável e ele ficou. Ficou por mais um ano, só pensando em voltar. Por este período ganhou o apelido de "Senhor Tristeza".


O caso de amor com a Fiorentina - O clube que o atleta lembrava com mais felicidade, porém, era a Fiorentina. Lá era tratado com tanto carinho pela torcida que, quando morreu, muitas bandeiras da equipe foram enviadas à família, e muitos torcedores do time que viviam em São Paulo compareceram ao enterro.
Certa vez, quando andava de trem na Itália, precisou passar a viagem inteira escondido no banheiro para evitar o assédio dos fãs. E o apreço dos italianos por Julinho não parava por aí. Em 2003, quando o já ex-jogador estava internado na UTI em São Paulo, os dirigentes italianos
ligavam com freqüência para a família, para saber a respeito de seu estado de saúde


NO PALMEIRAS AS GLÓRIAS





Agora vamos de Palmeiras, o maior imortal da camisa 7 de tantas glórias,tantas histórias, shows, dribles, gols e títulos.
Chegou em 1959 pra fazer da Primeira Academia, e chegou mostrando a que veio, ser campeão, ser ídolo. Conquistou o Supercampeonato Paulista contra o Santos de Pelé, numa das mais eletrizantes finais da história do estadual. Foi fundamental logo no seu primeiro título. Fez parte do elenco que disputou o jogo histórico em que o Palmeiras vestiu a camisa da Seleçao e goleou a seleção uruguaia por 3 x 0 na inauguração do Mineirão. Dias antes desse jogo, Julinho sentiu uma contusão e pediu pra nao jogar, Filpo Nuñez preparou Germano. Chegando ao Mineirão, no vestiário, Julinho puxou Don Filpo Nuñez e disse que queria jogar, nem que fosse com uma perna só. Mesmo "com uma perna só" fez a jogada que resultou no penalti do primeiro gol palmeirense. Saiu no intervalo, já tinha cumprido seu papel.
Julinho estreou no Palmeiras, seu time de coração, num amistoso contra o São Paulo, em 26 de junho de 1958, vitória palmeirense por 4 x 3. Se despediu em 12 de fevereiro de 1967, em outro amistoso, dessa vez contra o Náutico, vitória por 1 x 0.
Atuou no time que amava em 269 partidas, venceu 163, empatou 53 e perdeu 53. Fez 81 gols.
Nos nove anos que defendeu nosso Palmeiras ganhou:
2 Campeonato Paulista em 1959 e 1963
1 Taça Brasil de 1960
1 Torneio Rio-São Paulo de 1965
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Julinho era alto, forte e ao mesmo tempo rápido, dono de uma habilidade incrivel, nao tinha o biotipo comum ao de pontas, normalmente baixos, magros e de pernas curtas. Um dos maiores pontas do Mundo, o maior da nossa história, o primeiro a quem a número 7 caiu como uma luva quebrou todos os esteriótipos de um época que o baixinho, troncudo das pernas tortas era idolatrado. Nao chegou a ser um Garrincha mas ofuscou um pouco o brilho do Mané. E fez mais que isso, virou, é ídolo da Sociedade Esportiva Palmeiras, uma honra para ele, maior ainda pra nós que temos o privilégio de tê-lo na nossa história.
Na sua despedida contra o Náutico, saiu aos 32 minutos do primeiro e deu lugar ao peruano Gallardo. Na primeira bola que o peruano errou o estádio inteiro puxou em coro: "Volta Julinho!"


JULINHO NA SELEÇÃO BRASILEIRA E A VAIA NO MARACANÃ




Imagine o seguinte episódio:
estamos em 1959 e a seleção brasileira fará seu primeiro jogo no país após o campeonato de 58 na Suécia. O Maracanã, com 130 mil pessoas, é o palco deste jogo, a ser disputado contra a Inglaterra.
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Vicente Feola resolve colocar na reserva 3 jogadores que foram titulares durante a Copa. Um deles é simplesmente Mané Garrincha, o homem que tinha encantado o mundo com seus dribles e seu jeito muleque de lidar com os "Joões" da vida. O substituto? Julinho Botelho, esse rapaz aí da foto ao lado.
Em uníssono, o Maracanã vaiou Julinho. A vaia durou apenas dois minutos. Foi o tempo que ele levou pra marcar um gol pelo Brasil e, mais do que isso, transformar as 130 mil vaias em 130 mil aplausos. Um fato incrível presenciado no templo do futebol nacional.
Essa história acima ocorreu de verdade, em 13 de maio de 1959. E ficou para a história do Maracanã.

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