FTT - Futebol de Todos os Tempos

ENTREVISTAS COM EX JOGADORES, TECNICOS, DIRETORES E PESSOAS LIGADAS AO FUTEBOL QUE CONTRIBUIRAM DE ALGUMA FORMA PARA QUE PUDESSEMOS CONHECERMOS UM POUCO MAIS DA HISTORIA DO FUTEBOL BRASILEIRO E MUNDIAL.

segunda-feira, 2 de agosto de 2010

Craque da Semana - " GERD MÜLLER"

Foi o maior goleador de sua época e talvez um dos atacantes mais produtivos do futebol mundial.

Seu diferencial era a sua explosão e a velocidade de movimentos em pequenos espaços. A imprensa alemã gostava de chamá-lo de caubói por ser "rápido no gatilho e absolutamente certeiro". Sua humilde explicação era a de que nunca procurava ângulos ou efeitos plásticos, "só tentava colocar a bola rente ao chão, pois é mais difícil para o goleiro a bola rasteira do que a alta". Suas rápidas mudanças de lado em espaços curtos faziam os adversários caírem; em seus anos de glória, soube usar seu baixo centro de gravidade de forma sobrenatural.
Com essas características, tornou-se de longe o maior artilheiro da Seleção Alemã (contabilizando seus jogos pela então Alemanha Ocidental), com incríveis 68 gols em 62 partidas, uma média quase insuperável de 1,1 gols por jogo. Supera até a média de Ferenc Puskás (que fizera 83 gols em 84 jogos pela Hungria). Nas doze partidas de alto nível que fez (quatro finais de Copa dos Campeões da UEFA - um delas como desempate -, oito jogos decisivos em Copas do Mundo e Eurocopas), marcou treze.


O início da carreira foi de superação. Após jogar por 9 anos nas categorias de base do pequeno TSV Nördlingen, time de sua cidade natal, e, aos 16 anos, já atuar no time titular (tendo marcado 180 gols após profissionalizar-se), foi contratado pelo Bayern de Munique, naquela época renegado à segunda divisão. O técnico Zlatko Cajkovski, quando viu o jogadr pela primeira vez, brincou: "O que é que eu posso fazer com um levantador de peso?". De fato, as pernas curtas de Müller não combinavam bem com o resto do seu corpo, forte e "em forma de barril", como brincavam seus companheiros. Müller teria que provar seu valor com gols



E foi o que ele fez na sua estréia contra o Freiburg, após amargar o banco por dez rodadas. Marcando dois gols, Müller calou o técnico e fez as fundações de uma carreira sólida e vencedora. Em 1965, juntamente com o goleiro Sepp Maier e com o `Kaiser` Franz Beckenbauer, levou o time à primeira divisão e, no primeiro ano na Bundesliga, já terminaram em terceiro. Em 69, ajudou o time a conquistar seu primeiro título alemão, fato que se repetiria depois em 72, 73 e 74. Sem ele, as glórias do Bayern seriam inconcebíveis, uma vez que Müller foi o artilheiro do time em todas as temporadas em que esteve no clube, por 15 anos. Além disso, foi artilheiro do campeonato alemão por 7 vezes. Com tal desempenho, era apenas uma questão de tempo para que ele fosse convocado para a seleção alemã.


O técnico Helmut Schön convocou-o pela primeira vez em 66, após a derrota na final da Copa para a Inglaterra. Não demorou muito para que fosse efetivado ao time titular e, também na seleção, provou ter um faro de gol incomparável: marcou 68 gols em 62 partidas pela seleção e foi o artilheiro da Copa de 70, com 10 gols. Marcou três gols em duas oportunidades e, na semifinal contra a Itália, fez 2. Em 72, foi fundamental para a conquista da Eurocopa e, em 74, alcançou a glória final com a conquista da Copa do Mundo em sua terra natal. Desta vez ele não foi o artilheiro, mas seus quatro gols bastaram para que ele alcançasse a marca que perdurou até 2006 de maior artilheiro de todas as Copas, com 14 gols marcados. O mais especial deles foi exatamente o último, o gol da virada na final contra a Holanda.



http://www.youtube.com/watch?v=7mj6x_RHvQA


Artilheiro da Copa do Mundo de 1970 com dez gols, foi por muito tempo o maior artilheiro das Copas, com 14 (somado aos quatro gols que fizera na de 1974, quando foi campeão), até ser superado com o 15º gol do brasileiro Ronaldo na de 2006. É também o terceiro que mais marcou em uma única Copa, atrás do francês Just Fontaine (13 gols em 1958) e do húngaro Sándor Kocsis (11 em 1954).


É também o maior artilheiro do campeonato alemão (do qual foi campeão quatro vezes) em uma única edição (40 gols em 1972), na quantidade de vezes (sete) e no número total (447 em 453 jogos).

Sobre sua importância, Paul Breitner e Franz Beckenbauer, seus ex-colegas de Bayern Munique e Seleção Alemã-Ocidental declarariam:
"Começávamos cada jogo muito confiantes, sabendo que Gerd Müller marcaria o gol decisivo. Precisando de dois ou três gols, OK, ele consegue fazer isso também. Com Gerd Müller no seu time, você não precisa de sistema tático. Tínhamos a nossa estrutura. Mas podíamos jogar com o nosso sistema perfeitamente, mas sem ele não ajudaria. Para ter sucesso, precisávamos do Gerd Müller. E nós o tínhamos"


Paul Breitner

"Tudo que o Bayern se tornou se deve ao Gerd Müller e aos seus gols. Se não fosse por ele, ainda estaríamos em uma velha barraca de madeira "

Franz Beckenbauer
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    Gerd Muller e Uwe Seeler - Uma artilharia pesada na seleção alemã


Anos de ouro no Bayern

O Bayern começava sua transição de sair da posição de equipe média do cenário nacional. Nos dois anos seguintes, Müller continou com seu faro de gol (na primeira delas, foi novamente o artilheiro com incríveis 38 gols, o que o fez receber sua primeira chuteira de ouro como maior goleador do continente na temporada; ganharia também a Bola de Ouro como melhor jogador europeu), mas o título nacional ficaria com o Borussia Mönchengladbach, com quem o Bayern passara a ter rivalidade momentânea, deixando o 1860 de lado.

A Bundesliga voltaria a ser conquistada em 1973, prolongando-se em um tricampeonato seguido, com todos eles celebrados conjuntamente com a artilharia de Müller no torneio: no primeiro, quebrou a marca que já era sua e fez 40, recebendo nova chuteira de ouro. Na segunda e terceira, 36 e 30, respectivamente. Os dois últimos títulos foram comemorados juntamente também com duas conquistas seguidas na Copa dos Campeões da UEFA, o mais importante torneio interclubes europeu, que clube alemão algum havia conquistado. Como não poderia deixar de ser, foi artilheiro também das competições continentais (12 e 8 gols).

Na primeiro conquista, passou em branco na final, e o título quase ficou com o Atlético de Madrid: os espanhóis marcaram a seis minutos do fim da prorrogação, até que o lateral Hans-Georg Schwarzenbeck empatou a segundos do fim, forçando um jogo-desempate. Dessa vez, seria fácil para der Bomber, que marcou duas vezes na goleada por 4 x 0 sobre um adversário abatido. O primeiro deles é apontado pelo próprio como mais bonito da carreira: dominou a bola com o pé após um cruzamento e afundou a bola nas redes, sem ângulo, para o delírio do colega Uli Hoeneß, que caiu para trás, maravilhado.No segundo, encobriu o goleiro Miguel Reina.Semanas depois, ele, Beckenbauer, Maier, Schwarzenbeck, Hoeneß e Paul Breitner venceriam a Copa do Mundo de 1974 como titulares da Alemanha Ocidental. Daí vinha a relação que perdura até os dias atuais entre os grandes jogadores da Seleção Alemã e o Bayern.
 
Seus titulos pelo Bayern
 
Regionalliga Süd (segunda divisão alemã) em 1965


Bundesliga (primeira divisão alemã) em 1969, 1972, 1973 e 1974

Copa da Alemanha: 1966, 1967, 1969 e 1971

Recopa Europeia: 1967

Copa dos Campeões da UEFA: 1974, 1975 e 1976

Copa Intercontinental: 1976

Um comentário:

  1. Gerd Müller foi o melhor centroavante da história do futebol alemão. Pode parecer um exagero para um país que teve na posição jogadores como Fritz Walter, Uwe Seeler e Klinsmann. Müller era daqueles atacantes que sabiam unir o fato do gol com a categoria. Fez dez gols na Copa do Mundo de 70 e quatro em 74, fazendo com que tivesse por anos um recorde que só foi superado por Ronaldo em 2006, em plena Copa do Mundo da Alemanha. Just Fontaine era o artilheiro de uma Copa só (treze em 58), mas em quantidade, Gerd Müller era o maior. E em 2010, o seu conterrâno, Klose, queria bater o seu recorde e o do brasileiro. Não conseguiu. Este é o futebol alemão, repleto de muitas histórias e de grandes nomes, como o inesquecível centroavante Gerd Müller.

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